Haircut de dívidas no processo de reestruturação empresarial

Em Processo de renegociação de dívidas ou mesmo de recuperação judicial, muito se utiliza do haircut.

O termo haircut, corte de cabelo em inglês, é o nome utilizado pelo mercado financeiro para o desconto dado nas dívidas problemáticas. 

Porém é necessária uma compreensão clara do funcionamento e do racional por trás desse processo. 

Nenhum credor dá desconto no seu crédito apenas pelos belos olhos do devedor, e nem mesmo do consultor.

Critérios técnicos para acontecer haircut:

 Vamos analisar brevemente alguns deles:  

ESGOTAMENTO CADASTRAL: é quando o(s) credor(es) identificam que o fluxo de caixa líquido de um período somados aos ativos livres que podem ser vendidos ou onerados, são inferiores ao total das dívidas existentes. 

GORDURAS: neste caso o devedor identifica que nos débitos apresentados por alguns de seus credores (bancos ou fornecedores) existe abusividade nos juros praticados no passado e que compõem o saldo atual. Podem estar nos custos incidentes nas reciprocidades exigidas, ou mesmo na prática de não conceder àquele devedor o mesmo desconto dado a seus concorrentes (afinal, quem paga mal paga caro). 

RISCO: a iminência de falência, por qualquer que seja o motivo. Nessas situações o credor prefere receber o que der, e no menor prazo, especialmente quando há perda da credibilidade do devedor, já que não haverá continuidade na relação comercial/financeira. 

É possível ainda ampliar essa análise de custo de oportunidade do credor em receber a curto prazo uma dívida com deságio, os benefícios fiscais da contabilização do haircut, e mais algumas variáveis que devem ser analisadas ao se iniciar um processo de reestruturação de dívidas ou recuperação judicial.  

Esses são alguns dos diversos parâmetros utilizados na renegociação de dívidas, seja pelo credor seja pelo devedor, para definir o tamanho do haircut.  

Mas existem outros parâmetros e técnicas mais sofisticadas e artesanais, aplicadas caso a caso.